
Por: Filipe Mendonça – 08 de Outubro de 2025
A história está cheia de exemplos de regimes autoritários que, para se manterem no poder, exigiram ou fabricaram apoios públicos de figuras de referência. Intelectuais, religiosos, artistas, generais, empresários. A estratégia era sempre a mesma: criar uma falsa imagem de consenso nacional e sufocar qualquer voz discordante.
Os ecos do autoritarismo
Na Itália fascista, Benito Mussolini (1922–1943) obrigou professores universitários, em 1931, a jurar lealdade ao regime. Quem se recusava era perseguido, exilado ou silenciado. Já em Portugal, António de Oliveira Salazar (1933–1974), durante o Estado Novo, cultivava um ambiente de medo disfarçado de patriotismo. Figuras públicas eram “convidadas” a manifestar apoio ao regime, sob pena de perderem cargos, oportunidades ou espaço na vida pública.
Ambos os regimes alimentavam o mesmo veneno: o conformismo forçado e a obediência travestida de lealdade.
O perigo de repetir velhos métodos
Hoje, dentro da UNITA, começa-se a ver um comportamento preocupante e inaceitável. Apesar de a Comissão Organizadora do Congresso ainda não ter aberto oficialmente o período de campanha, e nenhuma candidatura estar validada pela Comissão de Mandatos, já circulam listas de apoio ao ainda pré-candidato ACJ.
Essa atitude, além de violar o calendário e as regras internas, representa uma afronta direta à ética democrática. É a reedição moderna das práticas dos velhos regimes que tanto combatemos: pressionar, intimidar e tentar criar uma falsa unanimidade em torno de um nome.
Ninguém contesta o direito de apoiar quem quer que seja. O que se contesta é o abuso e a antecipação deliberada desse apoio, usado como arma psicológica para intimidar os indecisos e marginalizar os que não se alinham com o candidato preferido.
Democracia ou encenação?
Se o processo eleitoral interno da UNITA começar a ser contaminado por estas práticas, então deixaremos de ter um Congresso democrático e passaremos a ter uma encenação. E quando a encenação substitui o debate livre, a democracia interna morre lentamente, mas de forma certeira.
Por isso, é tempo de dizer basta. O Congresso deve ser um espaço de liberdade, não de coerção. O voto deve ser expressão da consciência, não do medo.
Conclusão
A UNITA nasceu como força de resistência e de princípios, não como palco de imposições. O que se esperava ser um processo transparente começa a ser viciado por comportamentos típicos de regimes automáticos.
É por isso que reafirmo, com convicção e sem meias-palavras: o Resgate da UNITA é uma urgência moral, política e histórica.
TENHO DITO!