
O Instituto Nacional Meteorologia e Geofísica (INAMET) tem registado avanços significativos na prestação de serviços meteorológicos, climáticos e geofísicos, fruto dos investimentos nas infra-estruturas de observação, modernização dos centros operacionais e formação contínua dos técnicos, segundo o director-geral, João Afonso.
Quantas Estações Sísmicas existem no país?
Neste momento, Angola conta com sete Estações Sísmicas montadas com tecnologias de última geração, localizadas nos municípios de Caxito(Bengo), Gabela (Cuanza-Sul), Dundo (Lunda-Norte), Luena (Moxico), Lubango (Huíla), Caála (Huambo) e o bairro Catepa (Malanje).
Qual é a funcionalidade das Estações Sísmicas?
As estações que compõem a Rede Sísmica Nacional servem para monitorar a ocorrência de fenómenos sísmicos ao nível nacional e em qualquer localidade do planeta terra. Elas detectam os sismos de magnitude acima de dois na Escala Richter que ocorrem em Angola e nos países localizados na África Austral, assim como os de magnitude acima de cinco, que ocorrem em qualquer parte do mundo.
Só servem para detectar fenómenos sísmicos?
Além dos fenómenos sísmicos, as estações sísmicas permitem, também, o monitoramento ou detecção de ocorrência de explosões resultantes de exploração mineira, assim como informação útil para o mapeamento dos pontos onde ocorrem prospecções no país.
Qual foi o investimento feito até agora para a construção das estações?
Normalmente, o custo para a compra do sensor sísmico, incluindo a montagem e a construção da infra-estrutura, fica avaliado em aproximadamente 50 mil Euros, mas, no âmbito do Plano de Desenvolvimento Estratégico (PDE) do INAMET, um dos objectivos é a criação da Rede Sísmica Nacional, onde o Executivo, através do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS), tem desenvolvido projectos e estabelecido parcerias estratégicas para dar resposta ao plano. Neste sentido, foram desenvolvidos vários projectos, com destaque para o Projecto de Modernização do INAMET, que na fase 1 contemplou a instalação de cinco estações sísmicas, o Projecto Towards Seismic Hazard Assessment in Portuguese-Speaking African Countries (TSHAPS), contemplou a instalação de uma estação sísmica, um outro por iniciativa do MINTTICS, através do OGE, e outros com apoio de outras instituições.
Como foi construída a de Malanje?
A última estação sísmica instalada em Malanje, que teve a sua conclusão no dia 13 de Julho deste ano, foi construída no âmbito da iniciativa do MINTTICS, com um orçamento aproximado de 11.000.000,00 de kwanzas, custos que serviram apenas para a construção da infra-estrutura, instalação dos sensores e configuração da telemetria dos dados, tendo em conta que os sensores já haviam sido adquiridos há mais de dois anos.
Quando foi instalada a primeira dessas estações sísmicas?
A primeira Estação Sísmica foi instalada em Junho de 2023, no município do Lubango, na Huíla, através do Plano de Desenvolvimento Estratégico (PDE) do INAMET.
Como é controlada uma Estação Sísmica?
Todas as Estações Sísmicas de Angola são automáticas, transmitem os dados remotamente via GPRS(General Packet Radio Service – Serviço Geral de Rádio por Pacote), em tempo real, para o servidor central localizado na sede do INAMET, em Luanda, onde se controla o estado das estações e a transmissão dos dados.
Quantas pessoas trabalham nas Estações Sísmicas do país?
O objectivo do Governo, por meio do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS), é optimizar os serviços ao mesmo nível dos grandes centros meteorológicos e geofísicos mundiais, no sentido de ter a mínima intervenção humana possível. Por esta razão, o INAMET conta, actualmente, com quatro geofísicos, dois dos quais estão em processo de enquadramento definitivo. Os referidos funcionários monitoram as ocorrências sísmicas, a partir da sede e divulgam as informações.
Este tipo de monitoramento é seguro?
As tecnologias implementadas pelo Governo e a modernização do INAMET são de última geração, permitem a automatização de grande parte dos processos e a centralização dos serviços na sede da instituição, em Luanda, tanto para a área da Meteorologia, que inclui a Aeronáutica, Previsão Atmosférica e Marítima, Controlo e Monitoramento das Estações Meteorológicas, ao nível nacional, assim como para a área da Geofísica, apesar de que se pretende capacitar mais técnicos do INAMET nas províncias, para realizarem as manutenções das estações sísmicas.
As previsões das Estações Sísmicas têm sido precisas?
Não é possível prever os fenómenos sísmicos, ou seja, actualmente não existe metodologia que permita prever sismos, em nenhuma parte do mundo. Os Centros Geofísicos de alguns países dispõem de um histórico de monitoramento sísmico que faz prever as réplicas dos sismos, que determinam padrões geofísicos nas regiões em causa.
Em termos tecnológicos, as estações do país estão bem servidas?
Em termos tecnológicos, podemos dizer que sim, estão bem servidas, pois todas estações são de tecnologia de ponta, sendo os sensores e digitalizadores de última geração, que transmitem informações de abalos/ruídos da terra para todo o território nacional em tempo real. Os softwares utilizados para a gestão dos dados sísmicos em tempo real, também, são os mais actualizados, servem para alimentar o Sistema Automático de Aviso de Sismo, a fim de responder às exigências dos diferentes sectores socioeconómicos do país, com destaque paea a Construção Civil, Energia e Protecção Civil.
Onde e quando será montada a próxima Estação Sísmica?
O MINTTICS estabeleceu uma parceria de financiamento com a Embaixada da República da Coreia, que resultou no Projecto de Ampliação da Rede Sísmica de Angola, que contempla a instalação de quatro estações sísmicas, que já foram adquiridas e estão no processo de transportação, e serão instaladas até ao final deste ano, para observar a actual crise sísmica que a região Sul do país atravessa, tendo o INAMET definido as instalações no município de Chicomba, província da Huíla, Ganda (Benguela), Tômbwa (Namibe) e Cuanhama, no Cunene.
Quais são os critérios para a escolha da montagem de uma estação sísmica numa determinada região?
Os critérios específicos para a escolha da região ideal para a instalação de uma estação sísmica dependem de locais remotos, distantes de fenómenos perturbadores, gerados pelo homem, onde há presença de pedreiras, caminhos-de-ferro, aeroportos e aspectos ligados à própria natureza.
E como são assegurados estes locais?
Devem ter condições de segurança contra vandalismo, estar distante no mínimo a 3.000 metros de qualquer curso de água, cobertura de sinal de telefonia móvel (em 3G ou 4G), a zona tem de ser de fácil acesso, devido às missões de manutenção preventivas periódicas e correctivas. Não podem ser áreas pantanosas e deve ter excelentes condições geológicas, ou seja, de preferência numa área localizada num substrato geológico inalterado da rocha mãe.
Como anda o Programa Intra-ACP de Serviços Climáticos e Aplicações Relacionadas (ClimSA)?
O Programa ClimSA ,em Angola, encontra-se em fase de consolidação, com importantes contributos para o reforço das capacidades nacionais na área dos serviços climáticos. Entre os avanços destacam-se a capacitação técnica de especialistas do INAMET em matérias de Homogeneização, Resgate e Controlo de Qualidade de dados climáticos, assim como a entrega de equipamentos essenciais, incluindo servidores, para estações climáticas e sistemas de gestão de dados. O programa, também, apoiou financeiramente a realização do primeiro Fórum Nacional de Previsão Climática (NCOF01), que teve lugar em Luanda, em Outubro de 2024, marcando um passo importante na promoção do diálogo entre os produtores e utilizadores de informação climática.
Em relação às alterações climáticas, como podemos definir o período de frio que vivemos actualmente no país?
O actual período de frio em Angola corresponde à estação seca, influenciada por sistemas de circulação atmosférica do Atlântico Sul e do Índico. As temperaturas mais baixas observadas, especialmente nas regiões Centro e Sul, estão associadas à variabilidade climática natural, mas podem ser intensificadas pelas alterações climáticas globais. Como previsto, essas regiões têm registado temperaturas mínimas abaixo dos 4°C, o que exige atenção especial para os impactos na saúde e na agricultura.
Que previsões ainda podemos ter?
O INAMET continua a acompanhar, atentamente, o comportamento atmosférico e oceânico, com o objetivo de emitir previsões cada vez mais fiáveis para a próxima época chuvosa 2025/2026. As previsões sazonais oficiais serão divulgadas a partir de Setembro, com base na análise das condições oceânicas e atmosféricas observadas. A médio prazo, espera-se uma transição gradual para temperaturas mais amenas, com as primeiras chuvas a surgirem nas regiões Norte e Nordeste do país.
Como podemos avaliar os serviços do INAMET actualmente?
O INAMET tem registado avanços significativos na prestação de serviços meteorológicos, climáticos e geofísicos, fruto dos investimentos nas infra-estruturas de observação, na modernização dos centros operacionais e formação contínua dos técnicos. A produção de boletins meteorológicos diários, alertas sobre eventos extremos e previsões sazonais tornou-se mais frequente, acessível e relevante. A avaliação dos serviços deve considerar o empenho contínuo em melhorar a qualidade, utilidade e fiabilidade da informação fornecida à sociedade, contribuindo assim para a redução dos riscos climáticos e o apoio à tomada de decisões em diversos sectores.