Desde 2019, um nome ecoa nas tribunas e nas praças: Adalberto Costa Júnior.
Mas, quando o eco se desfaz, fica o silêncio — o mesmo silêncio que envolve as suas origens.
A UNITA, partido nascido da alma africana, forjado no fogo da mata e no suor do povo, sempre se alimentou de raízes — das mães que rezaram pelo regresso dos filhos, dos avós que morreram sem ver a terra livre, dos pais que ensinaram o valor da palavra “Angola.”
Mas Adalberto, o candidato que se diz herdeiro desse legado, nunca falou de suas raízes.
Nunca evocou o nome de um avô, o rosto de um pai, o espírito de uma mãe.
Fala muito de política, mas nada de pertença.
Conhece o discurso, mas esquece o chão.
Desde o primeiro congresso em que surgiu como candidato, pairava no ar uma dúvida antiga:
De que ventre nasceu este homem?
Em 2019, quando os jovens da comissão de mandatos exigiram que renunciasse à sua nacionalidade portuguesa, ele respondeu com uma carta — uma carta fria, sem alma, uma “intenção” que nada renunciava.
Porque a sua nacionalidade é originária, e a origem, meu irmão, não se apaga com tinta.
E assim, o homem que se apresenta como símbolo da liberdade africana carrega no sangue o vínculo que o prende à antiga metrópole.
Como pode um homem dividido entre duas origens guiar um povo que lutou por uma só?
Como pode liderar um partido que nasceu da terra e da dor africana alguém que nunca contou a história dos seus?
Enquanto outros líderes da UNITA falaram de seus clãs, de seus antepassados, de suas terras e tradições, Adalberto ergueu-se como uma sombra sem árvore — uma figura pública sem raiz visível.
E o povo, sábio como sempre, começa a perguntar:
quem é, afinal, Adalberto Costa Júnior?
Será ele o filho da terra ou o filho do acaso?
Será o herdeiro do espírito africano ou o produto de uma conveniência ocidental?
Porque quem não conhece o nome do seu avô, dificilmente compreenderá o nome do seu povo.
Quem não se curva diante dos seus antepassados, jamais compreenderá o poder da ancestralidade.
A política precisa de ideias, sim — mas a África exige identidade.
E talvez seja por isso que tantos sentem que há um vazio em torno deste homem:
porque a sua história começa apenas quando ele já é adulto,
e o povo africano sabe que a grandeza de um líder começa no ventre da sua mãe.
A UNITA não nasceu em Lisboa, nasceu em Angola.
Nasceu da terra, da luta e da memória.
E por isso, a pergunta que arde como brasa nas bocas do povo continua a ecoar, sem resposta:
Quem é, afinal, Adalberto Costa Júnior?
Enquanto essa pergunta não for respondida,
a UNITA continuará dividida entre o que foi e o que querem que ela seja:
um partido de raiz africana conduzido por um homem sem raízes.
