O Ministério da Saúde (MINSA) outorgou, terça-feira, em Luanda, certificados a 399 especialistas da área de Medicina Geral e Familiar, formados no período de 2021/2025, em 17 províncias, no quadro do Programa Emergencial de Formação de Recursos Humanos.
Ao discursar durante a cerimónia, realizada no Centro de Convenções de Belas, a titular da pasta, Sílvia Lutucuta, reconheceu o investimento contínuo do Executivo na valorização do capital humano e na expansão dos cuidados primários em todo o país, com o objectivo de reforçar a Cobertura Universal de Saúde.
A especialidade de Medicina Geral e Familiar, sublinhou a ministra da Saúde, é estratégica para a reorganização do modelo assistencial do país, por estar focada na promoção da saúde, prevenção de doenças e continuidade dos cuidados, tendo salientado que a formação decorreu em 17 províncias, com estágios realizados em Portugal, Cuba e Brasil, garantindo aos profissionais uma melhor preparação adaptada à realidade angolana.
Actualmente, referiu a governante, 10.432 médicos e enfermeiros prosseguem com as formações nas 21 províncias e no exterior, em cumprimento do Plano Nacional de Especialização em larga escala. O programa, acrescentou, já beneficiou 11.331 profissionais, dos quais 57 por cento são mulheres, demonstrando o compromisso do Governo com a capacitação nacional e a igualdade de género.
De acordo com Sílvia Lutucuta, o Programa Emergencial tem como objectivo formar 38 mil profissionais até 2028, incluindo médicos, enfermeiros, técnicos e pessoal de apoio hospitalar, sublinhando que o sector registou, de 2021 a 2025, o maior número de recrutamento da história, com o ingresso de 46.604 novos profissionais, representando um aumento de 43,6 por cento da força de trabalho nacional.
O Ministério da Saúde, no quadro da cooperação internacional, realçou, firmou acordos multilaterais com Portugal, Brasil, Cuba, Espanha, África do Sul, Itália e Chile, para permitir aos profissionais angolanos aquisição de experiência prática em hospitais de alta complexidade e fortalecer a cooperação técnica para responder aos desafios actuais e futuros.
Financiamento
Na ocasião, o coordenador e gestor técnico do Projecto de Formação de Recursos Humanos em Saúde, Job Monteiro, informou que o programa tem um financiamento de 200 milhões de dólares, disponibilizado pelo Banco Mundial com o objectivo de aprimorar o Plano Emergencial de formação que teve início em 2017.
Este valor, acrescentou, está a ser aplicado em quatro áreas estratégicas, nomeadamente em governação e políticas de recursos humanos, formação e reforço de capacidades, gestão e avaliação de projecto e resposta a emergências e contingências.
A nível da Medicina Geral e Familiar, frisou, estão em regime de internato mais de 500 profissionais, dos quais 399 já concluíram o processo de formação. “Estamos comprometidos em formar equipas de saúde, com o objectivo de se ter um sistema de saúde de excelência, reconhecido como líder em áreas de atendimento, pesquisa, inovação, educação e gestão a nível da África Subsaariana”, disse.
Estudo e dedicação
O vice-governador de Luanda para o sector Político e Social, Manuel Gonçalves, disse que a formação dos novos profissionais representa um triunfo e reafirma o compromisso do Estado com a capacitação de quadros competentes e comprometidos com a saúde pública.
Manuel Gonçalves apelou aos outorgados a serem guardiões da vida, a fim de exercerem a profissão com responsabilidade social, e a primarem pela competência, humanismo e humildade mesmo diante de dificuldades e limitações.
Apoio e reconhecimento internacional
O representante do Banco Mundial, Humberto Cossa, reafirmou o compromisso da instituição em continuar a apoiar Angola na formação e valorização de profissionais de saúde.“Este programa simboliza o esforço de Angola em fortalecer o Serviço Nacional de Saúde com quadros altamente qualificados, para elevar a qualidade e a eficiência dos serviços prestados aos cidadãos”, disse.
Humberto Cossa afirmou ainda que a formação de qualidade dos médicos constitui uma oportunidade de aprendizagem que deve ser documentada e partilhada, servindo de modelo para outros países da região.
Médicos destacam
orgulho e missão social
Por sua vez, o médico recém-formado Adilson Mendes disse que a especialização teve um percurso desafiante e gratificante, reconhecendo os esforços do Governo angolano em capacitar os quadros nacionais para o benefício das comunidades.
A médica Kama Chimuco ressaltou que o carácter humanista e comunitário da Medicina Geral e Familiar está em criar uma ligação entre a vida, a família e a comunidade, a fim de garantir uma atenção primária de qualidade aos pacientes.
O grupo de especialistas expressou ainda que a formação representa não apenas uma conquista académica, mas também “um compromisso com a vida, a dignidade e o bem-estar do povo angolano, tendo considerado o feito do Ministério da Saúde como um marco para a história da medicina angolana e para a consolidação do Sistema Nacional de Saúde.
